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ESPAÇO CIENTÍFICO-Pensando gestão rural – e a gestão e transformação de conflitos por Carolina Bilibio


Coluna Jornal das Missões- 26.09.2013


Carolina Bilibio é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras, com estágio na Universidade de Kassel, Alemanha. Possui graduação em agronomia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. Foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br
 




Pensando gestão rural - e o continuum rural-urbano
O espaço urbano - cidade e o rural – fazenda, foram historicamente definidos, como sendo locais opostos da sociedade ou mundos diferentes, por meio de uma visão dualista. Na atualidade se discute o continuum rural-urbano, ou seja, se aceita uma interligação entre o rural e o urbano que aproxima e integra os dois polos sem destruir as particularidades (Jacinto et al. 2012).
Alguns autores definiram a relação entre rural e urbano como rurbano (Graziano da Silva, 2002), enfatizando principalmente o desenvolvimento de atividades não agrícolas ou urbanas no meio rural como serviços, indústrias e lazer. Outros pesquisadores destacam que fatores relacionados à modernização,  técnica,  ciência,  informação,  busca por produtividade e à incorporação hábitos de consumo urbanos no meio rural contribuíram igualmente aproximar o campo da cidade.
Porém, os efeitos do continuum rural-urbano podem ser visualizados não somente no meio rural como também nos centros urbanos. Prova disso são as atividades agrícolas desenvolvidas na região periurbana e urbana das cidades. A região periurbana é a zona de transição entre cidade e campo, onde se mesclam atividades rurais e urbanas (Pereira, 2012).
Nas cidades do leste africano – África oriental, que inclui países como Quênia, Tanzânia, Moçambique, Uganda e Etiópia, pelo menos um terço da população urbana está envolvida em atividades agrícolas, e em algumas cidades da África Ocidental, este percentual sobe para 50% (Smith & Prain, 2006).
Na China, 75% dos vegetais fornecidos a cidade de Shanghai, segunda maior cidade do país, são produzidos dentro de um raio de 10 quilômetros dos pontos de venda, e em Beijing (capital da China), 85% dos vegetais e 79% das frutas são provenientes destas proximidades. Já em Lima (Peru), entre 15 e 20% das famílias urbanas estão envolvidas na agricultura urbana ou periurbana.
No Brasil, a cidade de Belo Horizonte recebe destaque por participar do Programa Global Cidades Cultivando Para o Futuro – CCF, que é coordenado pela Fundação RUAF – Rede Internacional de Centros de Recursos em Agricultura Urbana e Segurança Alimentar, com sede na Holanda.
Em Belo Horizonte, a agricultura urbana é realizada por meio da produção agropecuária – cultivo de hortaliças, temperos, raízes e tubérculos; manejo de áreas remanescentes de vegetação - manejo de plantas nativas com propriedades medicinais; produção de insumos - composto orgânico, sementes e mudas; beneficiamento - preparação de remédios e alimentos; comercialização dos produtos – venda dos produtos agrícolas.
As vantagens da agricultura urbana e periurbana, desenvolvida nas proximidades das aglomerações humanas, estão relacionadas com o fornecimento de alimentos e vegetais frescos, formação de renda, criação de trabalho, promoção da segurança alimentar e sustentabilidade ambiental. Já as desvantagens estão associadas aos riscos de contaminações por bactérias, poluição do ar que afeta as culturas e a transmissão de doenças de animais para os seres humanos.
O esforço em desenvolver a agricultura urbana e periurbana parece ser também uma resposta da sociedade aos escândalos recentes envolvendo a produção de alimentos, no Brasil – o caso da adição de ureia no leite; na Europa, - a adição de carne de cavalo em lasanhas etc. Se antes, o incentivo era o da circulação global de alimentos, agora parece ser o da produção local, pois afinal, todos querem saber o que estão consumindo.
O continuum rural-urbano foi discutido como tema central do Tropentag 2013, conferência internacional que aconteceu entre os dias 17 e 19 de setembro, na cidade de Stuttgart, Alemanha - Universidade de Hohenheim. Na oportunidade vários especialistas abordaram o tema, com destaque para o projeto “carrotcity” (www.carrotcity.org), com sede em Toronto (Canadá), que descreve exemplos e casos de como projetar em todas as escalas a produção de alimentos nas cidades, casas, telhados, comunidades etc.
Para finalizar, fica a reflexão com a frase: "Urban agriculture is only a complementary to the rural agriculture, however it is necessary for food and agriculture literacy" (Dr. Joe Nasr, Tropentag 2013) – “Agricultura urbana é somente um complemento à agricultura rural, no entanto é necessária para produção de alimentos e alfabetização agrícola”.


Coluna Jornal das Missões- 19.09.2013



Carolina Bilibio é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras, com estágio na Universidade de Kassel, Alemanha. Possui graduação em agronomia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. Foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br
 

Pensando gestão rural - e a gestão e transformação de conflitos

As pessoas são diferentes e conseqüentemente possuem objetivos e interesses distintos. Estas diferenças de objetivos e interesses podem promover conflitos, processo oposto ao da cooperação e colaboração. Conflito pode ser entendido como a perseguição de objetivos incompatíveis por diferentes grupos (Miall et al. 2011) ou como a confrontação entre duas ou mais partes (University for Peace, 2005). O conflito existe quando acontece uma interferência passiva ou ativa de um grupo ou um indivíduo no sentido de bloquear a tentativa da outra parte de alcançar os seus próprios objetivos (Unama, 2013). Os conflitos podem ser classificados em conflitos internos - intrapessoal, e conflitos externos - interpessoal, intragrupal, intergrupal, intraorganizacional ou interorganizacional.
Os conflitos possuem diferentes níveis de intensidade, ou seja, ao contrário do que se imagina os conflitos não vão ficando cada vez maiores, e sim mais profundos e internalizados. Glasl (1999) identificou 9 níveis de intensidade nos conflitos. O primeiro nível é caracterizado pela expressão de diferentes pontos de vista. O segundo nível é caracterizado por debates e polarização dos grupos. No terceiro estágio iniciam-se as ações em favor das posições, ocorrem confrontos verbais e há uma redução drástica do entendimento do outro lado. Já no quarto estágio é visualizada a formação de coalizões e assume-se a seguinte posição: “quem não está com o nosso grupo, está contra nós”. No quinto estágio ocorre o desmascaramento, neste estágio todos os aspectos positivos do oponente são ignorados e o conflito se torna público. No sexto estágio inicia os sinais de ameaças, um lado demonstrando que está determinado a ir tão longe quanto necessário com o conflito. No sétimo estágio iniciam os ataques e as ameaças se tornam ações, a destruição é material, em uma organização, podem ser roubados arquivos etc. No oitavo estágio se tenta eliminar o inimigo, a violência é pessoal, o objetivo é sair vivo do conflito e destruir o oponente, exemplo disso, pode ser o envio de emails anônimos. O nono e último estágio é denominado “juntos para o abismo”, é quando a própria destruição é considerada um sucesso desde que o lado oponente seja também destruído.
Para ilustrar a intensificação dos conflitos, o autor (Glasl, 1999) apresenta dois casos reais, o primeiro de uma indústria e o segundo de uma escola. Na indústria, um grupo de colaboradores se negou a adotar as inovações sugeridas pelo diretor da empresa, após escalarem todos os níveis de intensidade de conflitos, o representante do grupo perdeu o trabalho, a casa e ainda precisou enfrentar um processo judicial. Já a escola, com a credibilidade totalmente comprometida pelos conflitos públicos entre dois grupos de professores, foi fechada.
É importante destacar que um conflito não precisa chegar ao extremo do nono estágio, a cada etapa é possível “acordar” e parar com qualquer atitude que contribua com a intensificação do conflito. Os relacionamentos são constituídos de tensões e de conexões que podem estar relacionadas à cultura, hábitos, atitudes e valores. O importante é encontrar um ponto em comum que pode ser um objetivo, um projeto ou uma necessidade - não uma posição, e respeitar as demais diferenças, pois afinal, não existem vencedores em conflitos.
Por fim se destaca que a Universidade de Hümboldt, por meio do SLE Training - Treinamento para especialistas internacionais promoveu o curso “Conflict management and conflict transformation” (administração e transformação de conflitos) com duração de 15 dias, na cidade de Berlin, Alemanha. O curso contou ainda com a presença de 23 profissionais provenientes de 17 países.









Coluna Jornal O Alto Uruguai- 05.09.2013



Carolina Bilibio é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras, com estágio na Universidade de Kassel, Alemanha. Possui graduação em agronomia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. Foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br
 


Pensando gestão rural – e o estudo e a vida de brasileiros no exterior
Viver ou estudar no exterior é o sonho de muitas pessoas. O conhecimento de um novo país, de uma nova cultura e de uma nova língua, pode proporcionar um crescimento pessoal, além de profissional, muito grande. Prova disso, é o estudo coordenado por Letícia Bicalho Canedo, da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e financiado pela FAPESP, que verificou que grande parte dos dirigentes brasileiros passaram por uma especialização internacional.
A educação no exterior não é novidade no Brasil, já que existe desde o período colonial – a partir de 1530, principalmente a nível universitário. Porém na atualidade este fenômeno é verificado com maior frequência, se estendem a novos grupos sociais e, além disso, se dão ao longo de todos os níveis de escolarização (Aguiar, A. Estratégias educativas de internacionalização: uma revisão da literatura sociológica, 2009).
Muitos benefícios podem ser citados a partir de diferentes autores, sobre os benefícios de um estudo no exterior, como maior cultura política, desenvolvimento de uma cultura cosmopolita – “cidadão do mundo”, acumulação de competências lingüísticas, constituição de uma rede de sociabilidade nos diferentes países e constituição de uma rede de sociabilidade nos diferentes países.
Os pais avaliam a experiência acadêmica internacional dos filhos de diferentes formas, podendo ter um caráter mais utilitarista, ou seja, o estudo no exterior pode aumentar as chances escolares e profissionais futuras; ou ter uma perspectiva identitária, ou seja, uma formação mais ampla de valores, da personalidade e da autonomia pessoal (Prado, C. L. “Intercâmbios culturais” como práticas educativas em famílias das camadas médias, 2002).
Vale ressaltar que o estudo no exterior é incentivado também por países desenvolvidos, prova disso, é a Declaração de Bolonha assinada inicialmente por 30 países europeus e que lançou o Processo Bolonha que visa introduzir um sistema de graus académicos facilmente reconhecíveis e comparáveis, promover a mobilidade dos estudantes, dos professores e dos investigadores, assegurar a elevada qualidade da docência e incorporar a dimensão europeia no ensino superior. Na atualidade 47 países integram o processo Bologna na europa (União Européia, Processo de Bolonha: estabelecimento do Espaço Europeu do Ensino Superior).
No Brasil, o programa oficial que incentiva experiências acadêmicas internacionais é o Programa Ciências sem Fronteiras. Este programa criado em 26 de julho de 2011 busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. O projeto prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos, distribuídas em Doutorado Sanduíche – 15.000 bolsas; Doutorado Pleno – 4.500 bolsas; Pós-doutorado – 6.440 bolsas; Graduação Sanduíche – 64.000 bolsas; Desenvolvimento tecnológico e inovação no exterior – 7.060 bolsas; Atração de jovens talentos no Brasil – 2000 bolsas; Pesquisador visitante especial no Brasil – 2.000 bolsas.
Se por um lado a educação realizada, ou pelo menos parte dela, no exterior, pode contribuir para o desenvolvimento pessoal e profissional e por isso é incentivada, por outro lado a imigração irregular para o exterior preocupa o Governo Federal. Um estudo recente revelou que em 2007 havia 3.044.762 brasileiros e que 55% destes estão em situação irregular. Os países que concentram brasileiros com maior situação de irregularidade são os Estados Unidos e a Inglaterra (Marinucci, R. brasileiros e brasileiras no exterior, 2008). É sabido que imigrantes irregulares não têm apoio jurídico ou médico, e por isso, esta situação é desencorajada.
Para finalizar, fica o convite aos jovens e profissionais que desejam aprimorar os conhecimentos científicos e técnicos, para que aproveitem as oportunidades internacionais oferecidas pelo país na atualidade.




Coluna Jornal das Missões- 29.08.2013  

Carolina Bilibio é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras, com estágio na Universidade de Kassel, Alemanha. Possui graduação em agronomia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. Foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br







 
  Pensando gestão rural - e o conceito de “FoodOmics” A nutrição humana foi entendida até recentemente como o atendimento de uma necessidade mínima de nutrientes para suprir a demanda diária nutricional do organismo. Porém, na atualidade se discute de forma científica a função destes nutrientes na manutenção da saúde e na redução dos riscos de doenças (Capozzi, F. & Bordoni, A., Foodomics: a new comprehensive approach to food and nutrition, 2013).Os autores Arola-Arnal et al. (How does foodomics impact optimal nutrition?, 2013), descrevem que existem cinco padrões nutricionais que ocorreram ao longo da história. O primeiro deles, conhecido como paleolítico, é caracterizado por uma dieta saudável mas que é neutralizada por doenças infecciosas – aquelas doenças transmissíveis que são causadas por agentes biológicos, como vírus, bactérias ou parasitas, que resultam em uma expectativa de vida de curta duração.O segundo padrão nutricional, que inicia aproximadamente 8000 anos antes de Cristo, é caracterizado pelo aumento populacional, início da modernização da agricultura, poucos avanços na prevenção de doenças ou tratamentos resultando em uma piora no status nutricional e em uma baixa expectativa de vida. No terceiro padrão nutricional que se estende até 1000 anos depois de Cristo, ocorre uma elevação da renda, a oferta limitada de alimentos é apenas transitória e a sociedade ainda é sensível a eventos naturais, resultando em uma condição nutricional instável.O quarto padrão nutricional, que ocorre a partir de 1750, está presente nas sociedades atuais desenvolvidas ou em desenvolvimento e abrange um aumento da renda e a adoção de conceitos como globalização, urbanização e marketing. Apesar de um aparente progresso, têm sido observadas alimentações excessivas e dietas não saudáveis que provocam doenças anteriormente não conhecidas, estes fatores resultaram no aumento da expectativa de vida, porém na baixa qualidade de vida. Já o quinto padrão nutricional, envolve uma mudança no comportamento que neutraliza as características negativas do padrão anterior. O processo de envelhecimento é mais bem entendido e os problemas derivados da falta de atividades físicas e dietas não saudáveis são superados.É importante destacar que por mais que estes cinco padrões nutricionais descrevam a história dos padrões nutricionais de uma sociedade, a maioria destes padrões alimentares coexiste no mundo de hoje. Os padrões 2 e 3 podem estar presentes em países menos desenvolvidos enquanto os padrões 4 e 5 existem nas sociedades em desenvolvimento e desenvolvidas. O quinto padrão alimentar é considerado, segundo os autores, como o mais desejado, porém, melhoria da qualidade de vida, prevenção de doenças e envelhecimento com saúde, por meio de uma nutrição adequada, são ainda objetivos a serem atingidos.Para contribuir com este desafio, foi desenvolvido o conceito de FoodOmics, que nada mais é do que o estudo e a análise de forma exaustiva dos efeitos de estímulos externos (os alimentos), no genoma que se refere ao DNA, ácido desoxirribonucléico, de uma célula; no proteoma - que se refere as proteínas de uma célula; no metaboloma - que se refere aos metabólitos de uma célula; e no transcriptoma - que se refere ao RNA, ácido ribonucléico, de uma célula, por meio da bioinformática para entender a vida de forma holística, como um sistema (Cifuentes, A. FoodOmics: principles and applications, 2013).
As aplicações das tecnologias relacionadas à FoodOmics (genomics, proteomics, metabolomics, transcriptomics) estão relacionadas com identificação dos efeitos de contaminantes alimentares no DNA e em outros componentes celulares, é possível ainda, estudar as relações entre ingestão de determinados alimentos e a prevenção de doenças. Nos vegetais, as tecnologias relacionadas à FoodOmics podem contribuir para a investigação dos efeitos de determinadas tecnologias, como as alterações genéticas, em outros componentes celulares dos vegetais e animais (Davies, H. A role for ‘‘omics” technologies in food safety assessment, 2010).
O conceito de FoodOmics foi definido e publicado em revistas cientificas no ano de 2009, quando também aconteceu a primeira conferência sobre FoodOmics em Cesena, Itália. Para finalizar se questiona: como está a sua alimentação? Em quais dos estágios dos padrões alimentares você se encontra?






Coluna Jornal das Missões- 15.08.2013



Carolina Bilibio é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras, com estágio na Universidade de Kassel, Alemanha. Possui graduação em agronomia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. Foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br
 
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Pensando gestão rural - e a situação energética no Brasil (CSP)
A energia é um item essencial para a vida humana, assim como a água e o ar. A energia humana e animal foram às energias mais utilizadas no início do desenvolvimento das sociedades. Posteriormente a lenha passou a ser utilizada pelo homem para o aquecimento e preparação dos alimentos. Porém, com o aumento da população e com o desenvolvimento das atividades econômicas, não somente aquelas ligadas a agricultura, outras fontes energéticas começaram a ser utilizadas, como o carvão mineral e os derivados do petróleo - gasolina e o diesel. As primeiras petrolíferas surgiram por volta de 1850.
Um dos itens utilizados para verificar o grau de desenvolvimento de um país é a oferta e o consumo de energia, expressa em toneladas equivalente de petróleo - tep, que representa também o acesso a bens de consumo essenciais e a serviços de infraestrutura pela população. Uma tonelada de petróleo equivale a 10 milhões de quilocalorias (kcal) (Goldemberg & Lucon, 2007).
No Brasil, a oferta interna de energia foi de 1,29 tep por habitante em 2007, oferta energética inferior a média mundial de 1,8 tep por habitante (Vichi & Mansor, 2009), inferior também a oferta de energia primária de 14,6 tep na Islândia e a 9,6 tep em Luxemburgo, mas superior ao continente africano, que apresenta uma oferta de menos de 1 tep no mesmo período (OECD, 2009). Alguns estudos indicam que quando a oferta de energia per capita é inferior a uma tonelada equivalente de petróleo por ano, as taxas de analfabetismo, mortalidade infantil e fertilidade são altas, enquanto a expectativa de vida é baixa.
O cenário energético atual do Brasil, com referência ao ano de 2012 segundo o Balanço Energético Nacional realizado pelo Ministério de Minas e Energia e a Empresa de Pesquisa Energética (2013), aponta para um consumo de 42,4% de energias renováveis (maior do que a média mundial de 14%), e 57,6% de energias não renováveis. As energias renováveis incluem derivados de cana-de-açúcar - 15,4%, hidráulica e eletricidade - 13,8%, lenha e carvão vegetal - 9,1% e as energias não renováveis incluem o gás natural - 11,5%, carvão mineral e derivados - 5,4%, petróleo e derivados - 39,2% e urânio e derivados - 1,5%.
Os setores que mais consomem energia no Brasil são: indústrias – 35,1%; transporte: 31,3%, residencial: 9,4%, setor energético – 9,0%, agropecuária – 4,1%, serviços, 4,5%. O consumo total de energia em 2012 foi de 283,6 milhões de tep. Para 2030 se espera um consumo variando entre 309 e 474 milhões de tep para uma população projetada de 238 milhões de habitantes (MME, 2007).
O setor energético é responsável pela emissão de aproximadamente 2/3 dos gases que provocam o efeito estufa, já que mais de 80% da energia global consumida é proveniente de combustíveis fósseis - carvão mineral, petróleo e gás natural. Os países que não integram a Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento – OCED, são responsáveis na atualidade por 60% das emissões globais. A china é o segundo país com maior consumo energético global, atrás somente dos Estados Unidos. A China é também o maior emissor mundial de gases que provocam o efeito estufa. Alguns estudos indicam que em maio de 2013, a concentração de gás carbônico na atmosfera foi superior a 400 partes por milhão pela primeira vez em centenas de anos (International Energy Agency, 2013).
É sabido que a concentração excessiva de gás carbônico na atmosfera é um dos principais fatores responsáveis pelas alterações climáticas que podem provocar maior freqüência e intensidade de fenômenos extremos, como tempestades, enchentes, ondas de calor além da elevação do nível do mar e aumento das temperaturas médias.
Para concluir se destaca que temas relacionados a bioenergia, eficiência energética e energias renováveis, podem permanecer com um dos principais temas de estudos para atender de forma sustentável o desenvolvimento dos países.





Coluna Jornal das Missões- 15.08.2013



Carolina Bilibio é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras, com estágio na Universidade de Kassel, Alemanha. Possui graduação em agronomia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. Foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br
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Pensando gestão rural - e a energia heliotérmica no Brasil (CSP)

A energia solar é a energia mais abundante do planeta. Na atualidade existem quatro tecnologias disponíveis para captar a energia solar (1) Energia solar concentrada - Concentrated Solar Power - CSP, que no Brasil, foi denominada de energia heliotérmica; (2) Energia Fotovoltaica; (3) Energia solar térmica; (4) Energia solar de combustíveis. A energia heliotérmica trata da energia elétrica produzida a partir da concentração da irradiação solar direta. A irradiação solar é determinada pela quantidade de radiação solar incidente por unidade de área, dada em watt hora por metro quadrado (Wh/m²). Guimarães et al. destacam no texto “Caracterização dos sítios potenciais na região do semi-árido brasileiro para implantação de sistema piloto heliotérmico de geração elétrica” (2004), que a energia heliotérmica pode ser obtida por meio de quatro fases: (1) coleta da irradiação solar; (2) conversão da irradiação solar em calor; (3) transporte e armazenamento do calor; (4) conversão final do calor em energia. A captação da irradiação solar é feita por meio de dois principais sistemas: torres centrais e cilindros parabólicos. No Brasil, a região do semiárido é a que apresenta maior potencial de utilização deste sistema, já que dispõe das melhores condições de irradiação solar direta devido à baixa intensidade de nuvens e reduzido volume de precipitação. Em abril de 2013 foi anunciado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o primeiro projeto piloto da América Latina sobre Energia Solar Concentrada (CSP) em Petrolina, Pernambuco, que está sendo realizado em parceria com a Agência de Cooperação Internacional do Governo da Alemanha (GIZ). Este projeto irá gerar um megawatt de energia. De acordo com o Instituto de Energia SBC (Schlumberger Business Consulting – 2013) as regiões com maior potencial de utilização da energia solar concentrada no mundo são: o Oriente Médio, Norte da África, Austrália, África do Sul; e algumas áreas dos Estados Unidos, Chile, Espanha, Índia e Deserto de Gobi (China) - regiões consideradas áridas ou semiáridas. Os sistemas de energia solar concentrada possuíam uma capacidade instalada de 2,8 Gigawatts ao redor do globo no final de 2012, e as projeções apontam para uma capacidade instalada de 11 GW até 2017. A Espanha é país detentor da maior capacidade instalada do mundo para produção de energia heliotérmica - 1,8 GW. O primeiro projeto implantado com energia heliotérmica foi nos Estados Unidos, entre 1985 e 1991, na região da Califórnia, com uma capacidade de gerar 354 MW de energia elétrica. Alguns estudos têm sido feitos para verificar o potencial de utilização da energia solar concentrada para outros fins, e não somente a energia elétrica. Munir & Hensel (2010) utilizaram refletores parabólicos Scheffler na destilação de plantas aromáticas e medicinais, como Melissa, pimenta e alecrim. Os refletores parabólicos também têm sido utilizados para preparar alimentos, principalmente na Índia e no continente africano (Scheffler, 2013). Por fim se destaca que a energia heliotérmica é uma energia limpa, renovável e pode contribuir com a redução das taxas de gás carbônico na atmosfera. Muitos estudos precisam ser feitos para aumentar a eficiência e a viabilidade econômica destes sistemas, prova disso, é chamada de projetos de pesquisa na área de energia heliotérmica realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes, no início de agosto de 2013 e que encerra no dia 16 de setembro de 2013, por meio do Programa iNoPa – Programa Novas Parcerias Integradas.








Pensando gestão rural - e a extensão rural no Brasil





Coluna Jornal das Missões- 08.08.2013



Carolina Bilibio é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras, com estágio na Universidade de Kassel, Alemanha. Possui graduação em agronomia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. Foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br
 
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Pensando gestão rural - e a extensão rural no Brasil
A extensão rural pode ser entendida como o serviço de educação não formal de caráter continuado, no meio rural, que promove processos de gestão, produção, beneficiamento e comercialização das atividades e dos serviços agropecuários e não agropecuários, inclusive das atividades agroextrativistas, florestais e artesanais (Associação Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural – ASBRAER, 2012).
A implantação da extensão rural no Brasil iniciou-se por volta de 1950, com a Revolução Verde. A Revolução Verde “foi um programa que tinha como objetivo explícito contribuir para o aumento da produtividade agrícola no mundo, através do desenvolvimento da genética, multiplicação de sementes adequadas a diferentes condições e resistentes às doenças, bem como a aplicação de técnicas agrícolas ou tratos culturais mais modernos e eficientes” (Argemiro Jacob Brum, Modernização da agricultura: trigo e soja, 1988). O programa foi idealizado e patrocinado, inicialmente pelo Grupo Rockefeller, com sede em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Este grupo era constituído, por especialistas em genética, edafologia, fitotecnia e um grande número de agrônomos.
Naquele momento, os teóricos julgavam que o atraso do país era devido ao tipo de agricultura desenvolvida na época, de forma “arcaica” e atrasada. Desta forma, a introdução de infraestrutura de produção, principalmente em relação ao uso de sementes certificadas, adubos e equipamentos, e o controle da articulação dos produtores, por meio da assistência técnica e orientação do crédito rural, era vista como a solução para o desenvolvimento do país. Por isso, em 1956 foi criada a Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural – ABCAR, com o apoio do governo do Presidente Juscelino Kubitschek. Em 1975, foi implantado pelo governo do Presidente Ernesto Geisel, o Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural – Sibrater, coordenado pela Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural – Embrater e executado pelas empresas estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural nos estados, as Emater.
Em 1990 a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural foi extinta pelo Presidente Fernando Collor de Mello, este governo desativou ainda a Sibrater e abandonou os esforços realizados para garantir o Serviço de Extensão e Assistência Técnica no Brasil. Em 2003, foi criada a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, que por meio do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural tinha como objetivo a melhoria da renda e da qualidade de vida das famílias rurais, a partir do aperfeiçoamento dos sistemas de produção, de mecanismo de acesso a recursos, serviços e renda, de forma sustentável.
Em junho de 2013, o Governo Federal assinou o projeto de lei que cria a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural - ANATER. As áreas prioritárias desta agência serão a cadeia produtiva do leite, a produção na região do semiárido com tecnologias de convivência com a seca, a agricultura orgânica e de baixo carbono e no acesso às tecnologias avançadas, como agricultura de precisão, automação e cultivo protegido.
É preciso destacar que durante a Revolução Verde, o objetivo da extensão rural era o de formar novos e bons agricultores, capazes de adotar as novas técnicas, principalmente os médios e grandes produtores. A função do extensionista era a de difusão de tecnologias, o que contribuiu para o agravamento dos danos ambientais e sociais, com uma grande porção de agricultores marginalizados do processo, a industrialização da agricultura, a dependência de insumos externos e o êxodo rural.
Já na atualidade a extensão rural pública realizada por meio das Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural – EMATERs,  tem entre os seus principais objetivos a assistência técnica e extensão rural aos agricultores familiares para a promoção do desenvolvimento sustentável das comunidades do campo. A extensão rural deveria ainda buscar a valorização de tecnologias de menor custo e o uso de recursos energéticos locais, ser baseada em conhecimento e tecnologias apropriadas e com foco na sustentabilidade dos sistemas produtivos e nos princípios da Agroecologia (Caporal & Costabeber, “Por uma nova extensão rural: fugindo da obsolência”, 2004). Por fim, o serviço de extensão rural para os médios e grandes produtores fica nos dias de hoje a cargo de cooperativas, associações rurais e empresas privadas de assistência técnica.








Coluna Jornal o Celeiro - 28.09.2012

Carolina Bilibio             
               
Pensando gestão rural - e os desafios e as vantagens dos trópicos
                Entre os dias 11 e 18 de setembro de 2012 aconteceu na Universidade de Giessen, Alemanha, o curso de verão: desafios e as vantagens dos trópicos. Os 25 participantes de três continentes, Africa, Asia e América latina, foram convidados pelo Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico para participar do curso e posteriormente atender o Tropentag, dia dos (Sub) Trópicos, na Universidade de Göttingen, Alemanha, entre os dias 18 e 21 de setembro. Os temas discutidos incluiram: Agricultura e segurança alimentar; Gestão da água; Energia renovável para o desenvolvimento e segurança; Conservação da biodiversidade; Gestão geral de recursos.
                Os principais desafios discutidos relacionados aos temas foram: (1) necessidade  de intervenções tecnológicas e formulação de programas de desenvolvimento que visem produtividades mais elevadas das principais culturas agrícolas, já que a atividade econômica predominante da região dos trópicos é agricultura e o desenvolvimento atual desta atividade não está sendo suficiente para garantir o abastecimento de alimentos na região; (2) necessidade de desenvolver mecanismos para aumentar a quantidade e qualidade da água na região dos trópicos; utilização de água residual; tratamento de água; mecanismos de cobrança de água; (3) conscientização da importância da utilização da energia renovável e a necessidade de cooperação regional para aumentar a capacidade de investimento no setor, mitigando desta forma, os altos custos dos investimentos iniciais; (4) manutenção das práticas tradicionais sustentáveis das comunidades locais que atendam também as demandas econômicas; (5) formulação de políticas públicas participativas; troca de experiências entre países que possuem boas práticas de gestão dos recursos naturais; cumprimentos de leis; gestão do uso e disponibilidade da terra; (6) necessidade de pesquisa sobre os principais impusionadores e também barreiras para a integração regional como estratégia para a competitividade global; cuidado com aplicações de pronunciamentos globais a nível regional e local, para evitar abordagens de uma solução única.
                Os temas foram discutidos por meio de apresentações realizadas pelos pesquisadores-participantes, entre as quais destacou-se a intervenção do Ministro da Agricultura da Índia, o qual descreveu que a Índia tem sua economia baseada na agricultura, que consome 56% da força de trabalho e contribui com mais de 16% do Produto Interno Bruto. As principais culturas cultivadas são: trigo, arroz, milheto, oleagionas/leguminosas, frutas e vegetais. Os desafios da agricultura na Índia são: baixa mecanização; domínio de pequenas propriedades, mais de 80% dos agricultores tem menos de 1 (um) hectare; baixa produtividade de grãos; elevada exploração de águas subterrâneas; baixo valor agregado dos produtos; baixa fertilidade dos solos; incerteza nos preços agrícolas. Consequentemente, as medidas dos programas governamentais para desenvolver o setor incluem demonstrações de técnicas de conservação do solo e da água, demonstrações de técnicas que visem o aumento de produtividade, disponibilidade de crédito para aumento da mecanização, promoção da micro irrigação.
                Outra intervenção com contribuições importantes foi realizada pelo Diretor Geral do Instituto da Conservação da Biodiversidade da Etiópia, o qual destacou o papel da agrobiodiversidade (ou biodiversidade agrícola) para a segurança alimentar e adaptação às alterações climáticas, enfatizando que a agrobiodiversidade promove a manutenção da fertilidade do solo, controle de doenças e pragas, manutenção do ciclo hidrológico, controle da erosão, sequestro do carbono.
                Por fim, destaca-se que o curso teve como objetivo final, a formação de networks para o desenvolvimento de futuros projetos de pesquisa entre os países /instituições participantes.
              
Países dos participantes do curso na Universiade de Giessen                                 Participantes do curso na Universidade de Giessen


Carolina Bilibio, é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras/UniKassel. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br


Pensando gestão rural - e o preço das terras no Brasil



Coluna Jornal das Missões- 01.08.2013  

Carolina Bilibio é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras, com estágio na Universidade de Kassel, Alemanha. Possui graduação em agronomia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. Foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br
 
IMG_2211  Pensando gestão rural - e o preço das terras no Brasil Há quem diga que o preço das terras se desvalorizará, mas será mesmo? É sabido que o mundo possui 13 bilhões de hectares de solo, destes, 4,4 bilhões possuem potencial de utilização como terras agrícolas, dois quais são cultivados atualmente 1,5 bilhões - aproximadamente 12% dos solos disponíveis no globo (FAO, 2011). Cerca de 90% da área restante com potencial de utilização agrícola no mundo situa-se na América Latina e na África Subsaariana, e mais de 50% em sete (7) países: Brasil, República Democrática do Congo, Sudão, Angola, Argentina, Colômbia e Bolívia (FAO Statistical Yearbook, 2012).Nos últimos 50 anos, a área global cultivada por pessoa reduziu, passando de 0,44 hectares para 0,25 hectares, enquanto a produção agrícola mundial multiplicou entre 2,5 e 3 vezes. Mesmo com a intensificação e aumento da produtividade agrícola dos últimos anos, o mundo ainda carece de resolver o problema da fome, cerca de um bilhão de pessoas encontram-se em situações de desnutrição no mundo, principalmente na África Subsaariana (239 milhões) e na Ásia (578 milhões). Alguns estudos indicam que em 2050, uma pessoa a cada 20 indivíduos, estará em estado de desnutrição.A população mundial continua em expansão. O mundo possui na atualidade 7,2 bilhões de pessoas, para 2025 se projeta uma população de 8,1 bilhões de pessoas e para 2050, uma população de 9,1 bilhões de pessoas (FAO, 2011). Esta população projetada para 2050 demandará 70% a mais de alimentos ao redor do globo podendo chegar a 100% relativo a 2009 em países em desenvolvimento.
O Brasil possui 851 milhões de hectares de solos, em 70% deste total (596 milhões de hectares) não há atividade agrícola, pois incluem as áreas do Pantanal, da Amazônia, reservas florestais, reservas indígenas, estradas etc. Nos 30% restantes (255 milhões de hectares), são desenvolvidas as atividades de pecuária e agrícola. O cultivo das 62 principais culturas é realizado em cerca de 64 milhões de hectares (Ministério do Meio Ambiente, 2006)A Agência de consultoria do agronegócio - Informa Economics - FN, avalia bimestralmente o preço das terras por meio dos negócios realizados ou por meio dos preços pedidos pelos proprietários de terras no Brasil e em vários Países. De acordo com este estudo, o preço médio das terras no Brasil no último bimestre de 2012 foi de R$ 7.473 por hectare, tendo uma elevação de 227% desde 2003, quando o preço médio das terras no Brasil era de R$ 2.280, com uma elevação de 12,6% ao ano, um pouco mais do que quase o dobro da inflação média anual, de 6,4% (Informa Economics FNP, 2013).
Quando se considera o preço médio das terras por região, se verifica que a Região Sul do Brasil foi a que apresentou no último bimestre de 2012 o maior valor médio por hectare, R$ 15.020, seguido pela Região Sudeste: R$ 12.345, Região Centro-Oeste: R$ 6.363, Região Nordeste: R$ 3.292 e Região Norte: R$ 2.228. É no Estado de Santa Catarina que se encontra a terra mais cara do país, em torno de R$ 43.000 por hectare.Para complementar, quando se considera a valorização das terras no Brasil nos últimos 36 meses - de Janeiro de 2010 a dezembro de 2012, a Região Centro-oeste se destaca, com uma valorização média de 82%, seguida pela Região Nordeste - 62,2%; Região Norte - 56,6%, Região Sudeste - 56,9% e Região Sul - 58,3% (Informa Economics FNP, 2013). Quando se considera a valorização das terras nos últimos 10 anos, as terras que mais se valorizaram foram as da Região Nordeste e a Norte. No Nordeste, o preço do hectare subiu 13,5% ao ano – principalmente nos estados de Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia; e no Norte, a valorização anual foi de 13,3%.
Após os dados apresentados, sobre a valorização das terras no Brasil, e considerando ainda a projeção do aumento da população, aumento da demanda de alimentos e energia, necessidade de combater a fome e desnutrição, problemas com desertificação que compromete cerca de 12 milhões de hectares por ano, salinização de áreas cultivadas que ocorre em 10 milhões de hectares anualmente, que a terra é um ativo que não se multiplica e que ainda é por meio da terra que se produz alimentos, se questiona: haverá mesmo uma desvalorização das terras produtivas no Brasil? 



Coluna Jornal o Celeiro - 29.06.2012
                                           
Pensando gestão rural - Planejamento estratégico: é preciso(!?)


Planejamento de longo prazo não lida com decisões futuras, mas com o futuro de decisões presentes” (Peter Drucker)
Atualmente, a globalização da economia exige que os produtores rurais se transformem em empresários rurais, através de uma nova postura gerencial que demanda uma ampla gama de conhecimentos gerais e o domínio na condução do negócio, levando o agricultor a lidar com aspectos técnicos, econômicos, mercadológicos, de recursos humanos e ambientais. Estas mudanças elevam a complexidade gerencial da produção agrícola, tornando indispensável que o empresário rural tenha estratégias de gestão bem definidas, pratique planejamento e, através de orçamentos e do conjunto de informações numéricas da sua empresa, possa aperfeiçoar a tomada de decisão permitindo ganhos de eficiência que podem garantir a sua continuidade, apesar das margens de rentabilidade cada vez mais apertadas, acompanhando a tendência de outros segmentos competitivos da economia. O Planejamento pode ser considerado como um processo, desenvolvido para o alcance de uma situação desejada de um modo mais eficiente e efetivo, com a melhor concentração de esforços e recursos pela empresa. Já o Planejamento estratégico é uma técnica administrativa, que através da análise do ambiente externo e interno de uma organização, desenvolve a consciência das oportunidades e ameaças de um empreendimento, dos seus pontos fortes e fracos para o cumprimento da sua missão, com estratégias adequadas para aproveitar as oportunidades e evitar os riscos no contexto do cenário futuro. O planejamento estratégico nas empresas rurais, aquelas que exploram a capacidade produtiva dos solo, através do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas, pode contribuir para a analise de seu ambiente externo e interno, destacando-se as principais oportunidades e ameaças com relação a evolução da empresa para cumprir sua missão, considerando algumas tendências do setor agrícola, que podem estar relacionadas a produção orgânica, novas formas de comercialização, novas tecnologias, novas formas de financiamento, facilidade de acesso as informações, clima. Já na análise do ambiente interno da organização evidencia-se os pontos fortes e fracos da empresa, que podem afetá-la no decorrer da sua evolução, como os índices de produtividade, sistema hídrico, armazenagem. Mas este processo é constante, principalmente quanto a implantação do plano, para concretizar ao longo do tempo os objetivos da empresa.
Carolina Bilibio, é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade de Lavras/UniKassel. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br



Pensando gestão rural - e o manejo da água em áreas irrigadas no Brasil

Coluna Jornal O Celeiro - 26.04.2013


Carolina Bilibio            Carolina Bilibio, é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras/UniKassel. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br


Coluna Jornal o Celeiro - 28.09.2012

Carolina Bilibio              
               

Pensando gestão rural - e os desafios e as vantagens dos trópicos                Entre os dias 11 e 18 de setembro de 2012 aconteceu na Universidade de Giessen, Alemanha, o curso de verão: desafios e as vantagens dos trópicos. Os 25 participantes de três continentes, Africa, Asia e América latina, foram convidados pelo Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico para participar do curso e posteriormente atender o Tropentag, dia dos (Sub) Trópicos, na Universidade de Göttingen, Alemanha, entre os dias 18 e 21 de setembro. Os temas discutidos incluiram: Agricultura e segurança alimentar; Gestão da água; Energia renovável para o desenvolvimento e segurança; Conservação da biodiversidade; Gestão geral de recursos.                Os principais desafios discutidos relacionados aos temas foram: (1) necessidade  de intervenções tecnológicas e formulação de programas de desenvolvimento que visem produtividades mais elevadas das principais culturas agrícolas, já que a atividade econômica predominante da região dos trópicos é agricultura e o desenvolvimento atual desta atividade não está sendo suficiente para garantir o abastecimento de alimentos na região; (2) necessidade de desenvolver mecanismos para aumentar a quantidade e qualidade da água na região dos trópicos; utilização de água residual; tratamento de água; mecanismos de cobrança de água; (3) conscientização da importância da utilização da energia renovável e a necessidade de cooperação regional para aumentar a capacidade de investimento no setor, mitigando desta forma, os altos custos dos investimentos iniciais; (4) manutenção das práticas tradicionais sustentáveis das comunidades locais que atendam também as demandas econômicas; (5) formulação de políticas públicas participativas; troca de experiências entre países que possuem boas práticas de gestão dos recursos naturais; cumprimentos de leis; gestão do uso e disponibilidade da terra; (6) necessidade de pesquisa sobre os principais impusionadores e também barreiras para a integração regional como estratégia para a competitividade global; cuidado com aplicações de pronunciamentos globais a nível regional e local, para evitar abordagens de uma solução única.                Os temas foram discutidos por meio de apresentações realizadas pelos pesquisadores-participantes, entre as quais destacou-se a intervenção do Ministro da Agricultura da Índia, o qual descreveu que a Índia tem sua economia baseada na agricultura, que consome 56% da força de trabalho e contribui com mais de 16% do Produto Interno Bruto. As principais culturas cultivadas são: trigo, arroz, milheto, oleagionas/leguminosas, frutas e vegetais. Os desafios da agricultura na Índia são: baixa mecanização; domínio de pequenas propriedades, mais de 80% dos agricultores tem menos de 1 (um) hectare; baixa produtividade de grãos; elevada exploração de águas subterrâneas; baixo valor agregado dos produtos; baixa fertilidade dos solos; incerteza nos preços agrícolas. Consequentemente, as medidas dos programas governamentais para desenvolver o setor incluem demonstrações de técnicas de conservação do solo e da água, demonstrações de técnicas que visem o aumento de produtividade, disponibilidade de crédito para aumento da mecanização, promoção da micro irrigação.                Outra intervenção com contribuições importantes foi realizada pelo Diretor Geral do Instituto da Conservação da Biodiversidade da Etiópia, o qual destacou o papel da agrobiodiversidade (ou biodiversidade agrícola) para a segurança alimentar e adaptação às alterações climáticas, enfatizando que a agrobiodiversidade promove a manutenção da fertilidade do solo, controle de doenças e pragas, manutenção do ciclo hidrológico, controle da erosão, sequestro do carbono.                Por fim, destaca-se que o curso teve como objetivo final, a formação de networks para o desenvolvimento de futuros projetos de pesquisa entre os países /instituições participantes





Pensando gestão rural - e a Água que está acabando... (!?)

                A água é um recurso indispensável para a sobrevivência do homem e dos demais seres vivos no planeta. Desde que acordamos passamos a fazer o uso da água, utilizada na maioria das atividades do homem, tais como higiene, limpeza, alimentação, produção, energia etc. Por ser tão importante à existência do ser humano, frequentemente participamos ou escutamos discussões referentes ao uso da água, os quais a tratam como um recurso finito. Mas, será mesmo que a água está acabando? Pois bem, vamos aos números. As terras emersas no planeta representam 29% da superfície do planeta enquanto a água cobre 71% da área planetária. Porém, 97% desta água é salgada e está concentrada nos oceanos, restando 2,07% de água doce concentrada nas geleiras polares e somente 0,63% (ou ainda menos do que isso de acordo com outras bibliografias) de água doce disponível em rios e lagos, dos quais a humanidade pode realizar alguma utilização. É importante observar ainda, que a quantidade de água no planeta - 1,39 bilhão de quilômetros cúbicos, tem se mantido constante durante milhões de anos, pois o ciclo da água é fechado, ou seja, a ocorrência da evaporação da água na superfície dos oceanos e a evapotranspiração, que representa a transpiração das plantas e evaporação do solo no continente, promovem a condensação do vapor da água na atmosfera que irá formar as nuvens. Quando as gotículas de água presentes nas nuvens vencer a força da gravidade, a água retorna aos oceanos e continente na forma de precipitação líquida - chuva, ou sólida - neve. Desta forma não têm existido alteração na quantidade de água planetária.   
                Qual é então, a fonte de preocupação com a água, de que tanto se fala!? Existem dois principais desafios relacionados  a ela. O primeiro deles, é com relação à disponibilidade de água, por exemplo, embora o Brasil possua 12% das reservas mundiais de água doce, 80% desta disponibilidade se encontra na região amazônica onde se concentra somente 7% da população nacional, por outro lado, a região nordeste, possui 3,3% das reservas nacionais de água doce e 27% da população brasileira e por as outras regiões, possuem 16,7% das reservas de água doce nacional e 66% da população do Brasil. Estas diferenças não proporcionais entre a disponibilidade de água e a população é verificada em outros países e com situações ainda mais críticas, como a Jordânia, Egito e Israel, que possuem uma disponibilidade de apenas 500 m3.habitante-1.ano-1, enquanto estima-se que a necessidade mínima de uma pessoa seja 2000 m3.habitante-1.ano-1. O segundo desafio relacionado à água é com a qualidade. No Brasil, 85% dos esgotos produzidos são lançados nos cursos dos rios e lagoas, e um litro de esgoto inutiliza pelo menos 10 litros de água limpa. Em nível mundial existem 3 bilhões de pessoas, 42% da população (Brasil: 37% dos domicílios) sem saneamento básico, que como o próprio nome diz, é no mínimo, básico! De acordo com a Organização das Nações Unidas - ONU, a falta de saneamento provoca a morte de 1,6 milhão de crianças por ano por doenças associadas, como a diarreia.
                E o setor agrícola, precisa se preocupar com a água? Claro que sim, a deficiência hídrica ainda é uma das principais causas da baixa produtividade média das culturas. Aos produtores rurais cabe utilizar manejos que promovam a maior disponibilidade da água na sua propriedade e região, com manejos de conservação do solo e água, que minimizem a compactação do solo, já que o maior adensamento do solo diminui o espaço poroso e desta forma, a capacidade de retenção de água, a compactação aumenta ainda o escoamento superficial e a erosão. Um solo bem estruturado tem maior capacidade de infiltração, redistribuição e consequentemente, maior capacidade de armazenamento de água. A cobertura do solo com matéria orgânica (palha) contribui para reduzir a evaporação da água no solo, que poderá ser utilizada no atendimento da transpiração das culturas.
                Finalmente, se destaca que 22 de março foi o dia mundial da água, mas muito ainda precisa ser feito para comemorar este dia. 2013 foi declarado o ano internacional de cooperação pela água, pela Organização das Nações Unidas, com o objetivo de buscar e combater os problemas relacionados  a mesma. Fica a reflexão sobre a água como um convite para pensarmos medidas individuais que possam contribuir para a maior disponibilidade e qualidade da água coletiva.





Coluna Jornal O Celeiro - 25.07.2013


Coluna Jornal O Celeiro - 25.07.2013



Carolina Bilibio é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras/UniKassel. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br
 
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Pensando gestão rural - e a agricultura familiar no Brasil

                A definição de agricultura familiar inclui aspectos relacionados ao tamanho da propriedade, predomínio de mão-de-obra familiar e gestão familiar da unidade produtiva (Junqueira & Lima, 2008). De acordo com a lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, da Presidência da República que estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo,  simultaneamente, aos seguintes requisitos: - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; - tenha percentual mínimo da renda familiar (em torno de 50%) originada de atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.
                O módulo fiscal, instituído pela Lei nº 6.746, de 10 de dezembro de 1979, é uma unidade de medida agrária que corresponde à área mínima necessária a uma propriedade rural para que sua exploração seja economicamente viável (Landau et al., 2012 - Embrapa Milho e Sorgo). A determinação do módulo fiscal é realizada para cada município considerando os tipos e a renda obtida com as explorações predominantes - horticultura, cultura permanente ou temporária, pecuária ou florestal. O módulo fiscal varia de 5 a 110 hectares, no município de Santo Augusto o módulo fiscal é de 16 hectares, Ijuí - 20 hectares, Chiapeta - 20 hectares.
                A agricultura familiar no Brasil é responsável por 84,4% (4.367.902) do total de estabelecimentos rurais (IBGE, 2006) e utilizam 24,3% da área ocupada pelos estabelecimentos agropecuários brasileiros. A região nordeste e a região sul do país são as regiões que mais concentram empreendimentos agrícolas familiares, 50% e 19,2% do total respectivamente. A agricultura familiar é também responsável por pelo menos 60% dos alimentos consumidos pela população brasileira, é a agricultura familiar que produz 87% da produção nacional da mandioca, 70% do feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz, 21% do trigo, 58% do leite, concentra 59% do plantel de suínos, 50% do plantel de aves, 30% dos bovinos (IBGE, 2006). Por outro lado, os estabelecimentos rurais não familiares que representam 15,6% do total dos estabelecimentos têm a importância de produzir commodities que possibilitam a ampliação das exportações e a geração de saldo comercial positivo entre as exportações e importações no país.
                Mas não é só no Brasil que existe agricultura familiar. Nos Estados Unidos, o Departamento da Agricultura dos Estados Unidos define agricultura familiar como qualquer fazenda organizada pela família, pode ser um indivíduo, uma sociedade ou corporação familiar. A agricultura familiar não inclui cooperativas e fazendas com gestores contratados. A agricultura familiar é responsável por 96% das fazendas americanas (Serviço Nacional de Estatística Agrícola, 2007) e está subdividida em fazendas familiares muito grandes com faturamento superior a $500.000; fazendas grandes, com faturamento entre $250.000 e $500.000; e fazendas familiares pequenas, com faturamento inferior a $250.000 e que representam cerca de 90% do total de empreendimentos agrícolas americanos.
                Na União Europeia, 47% do território é classificado como agrícola e cerca da metade da população reside em áreas rurais, incluindo comunidades de agricultores. A média das propriedades na União Europeia é de 15 hectares (Comissão Europeia, 2012). Para fins de comparação, a área média dos estabelecimentos familiares no Brasil variou de um mínimo de 13 hectares no Nordeste a um máximo de 43,3 hectares no Centro Oeste. Já a  área média dos estabelecimentos não familiares variou de um mínimo de 177,2 hectares no Nordeste a um máximo de 944,3 hectares no Centro-Oeste (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2006).
                Para finalizar, é sempre importante destacar a importância de produzir alimentos com qualidade. Os dados publicados recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa (2011) indicam que apenas 37% dos produtos alimentares avaliados, como pimentão, morango, pepino, alface, cenoura, e outros estavam livres de agrotóxicos. A saúde da população também é de responsabilidade de quem produz alimentos. Dia 25 de julho se comemora o dia do Colono e Motorista e a sociedade agradece o trabalho destes profissionais incansáveis que alimentam e impulsionam o desenvolvimento do País. 


Coluna Jornal das Missões- 18.07.2013  

Carolina Bilibio é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras, com estágio na Universidade de Kassel, Alemanha. Possui graduação em agronomia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. Foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br
  Pensando gestão rural - e a produção orgânica de alimentos no Brasil              

O sistema de produção orgânico visa à produção de alimentos ecologicamente sustentável, economicamente viável e socialmente justa. De acordo com a Lei no 10.831, de 23 de dezembro de 2003, considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que otimiza o uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e respeita à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não-renovável, empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos (...) em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização dos produtos. No Brasil, as agriculturas biodinâmica, biológica, permacultura, ecológica, agroecológica, regenerativa, sustentável e natural integram as correntes do movimento orgânico.                Para comercializar produtos orgânicos, estes devem ser certificados. Mas o que é a certificação de produtos orgânicos? A certificação de produtos orgânicos é o procedimento pelo qual uma certificadora, devidamente credenciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), assegura por escrito que determinado produto, processo ou serviço obedece às normas e práticas da produção orgânica, depois disso, o produtor passa a utilizar o selo de certificação no rótulo ou embalagem do produto. O Brasil possui selo padrão, disponibilizado pelo Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica (SisOrg) a partir janeiro de 2011 que é utilizado em todos os produtos que possuem avaliação da qualidade orgânica. No exterior, o órgão internacional que credencia as certificadoras é a IFOAM, International Federation of Organic Agriculture Movements. A certificação é fundamental, pois é ela que garante que o produto foi produzido dentro dos padrões agroecológicos, já que as principais características dos produtos orgânicos, como a ausência de produtos químicos, não podem ser visualizadas pelo consumidor. Até julho de 2012 havia 12 instituições credenciadas no Ministério da Agricultura brasileiro para certificar produtos orgânicos no país como a ECOCERT Brasil, IBD – Instituto Biodinâmico, IMO – Instituto de Mercado Ecológico, ECOVIDA – Rede Ecovida.                  No Brasil existem 1,5 milhões de hectares certificados (Mato Grosso - 622.855 hectares e Pará 602.690 hectares) e 90.000 produtores autodeclarados (IBGE, 2006), os principais produtos produzidos são produtos in natura - como frutas, verduras e legumes que são consumidos internamente, e commodities como soja e café que são quase que totalmente exportadas. Porém, os produtos processados como geleias, óleos, pães, vinhos, têm crescido nos últimos anos. Os agricultores familiares representam 90% do total de agricultores que produzem alimentos orgânicos e são responsáveis por cerca de 70% da produção orgânica brasileira. Cerca de 60% do valor produzido pela agricultura orgânica é proveniente das exportações, principalmente para os estados Unidos, União Europeia e Japão.                No mundo, a produção orgânica abrange uma área aproximada de 23 milhões de hectares, representando cerca de 1% do total das terras agrícolas mundiais. A maior parte destas áreas está localizada na Austrália (10,5 milhões de hectares), Argentina (3,2 milhões de hectares) e Itália (1,2 milhões de hectares). Por outro lado, o maior número de propriedades orgânicas encontra-se na Europa (44,1%) seguida pela América Latina (19,0%) e Ásia (15,1%). É na Europa também, mais especificamente na Alemanha, que acontece a maior feira de orgânicos do mundo, a BioFach. O evento é realizado todo o ano no mês de fevereiro, na cidade de Nuremberg e reúne cerca de 2.500 expositores de todo o mundo, abrangendo, além de alimentos, outros itens, como cosméticos e tecidos. Para finalizar, é importante lembrar que o consumo de produtos orgânicos, livres de agrotóxicos, fortalece a saúde, contribuem para a conservação dos recursos naturais e para a qualidade de vida do produtor e do trabalhador. 




Coluna Jornal o Celeiro - 27.07.2012
                                          
Pensando gestão rural - com sustentabilidade!
O termo desenvolvimento sustentável contempla um conjunto de conceitos relacionados ao uso dos recursos que visam atender as necessidades humanas. A Organização das Nações Unidas definiu em 1987 que desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que "satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades". Ou seja, sustentabilidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico que utiliza os recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro. Já a gestão rural, pode ser definida como “a ciência e a arte que busca a utilização racional dos fatores de produção (internos e externos), do ponto de vista técnico, econômico e social, respeitando os valores culturais do produtor rural, sua família, e ainda, suas organizações e o meio ambiente”. A administração ou gestão rural deve responder: o que produzir, como, quanto, com quais recursos e para quem. Porém, é papel da administração rural sustentável: (1) contribuir para que o produtor rural forneça matérias primas e ou produtos com a qualidade necessária, com custos compatíveis, economicamente viável (o produtor precisa ter renda), socialmente justo e ecologicamente correto; (2) viabilizar, "porteira a dentro", a utilização dos recursos - físicos, humanos, financeiros e mercadológicos, de maneira racional, por meio do planejamento, organização, direção e controle; (3) possibilitar, "porteira a fora", a participação e a atuação do produtor rural de forma conjunta: em cooperativas para a defesa dos interesses comerciais; em sindicatos para a defesa dos interesses políticos; em associação para a defesa de interesses específicos. Para complementar, a administração rural sustentável deve possibilitar que o produtor, dentro ou fora da porteira, crie e agregue valor (quantificável ou não) aos seus produtos, por meio da prestação de seus serviços, já que é a natureza que produz, é a planta que produz o grão, é a vaca que produz o leite... E de que forma este serviço está sendo realizado? Cabe ressaltar que os desafios da gestão rural podem estar relacionados (1) a ter organizações capazes de renovação contínua, automática e espontânea; (2) a tornar a inovação função de todos, todos os dias; e (3) a criar uma organização altamente envolvente onde todos dão o melhor de si. Por fim, destaca-se ainda que as estratégias de desenvolvimento rural podem contemplar (1) o desenvolvimento da multifuncionalidade, ou seja, as atividades agrícolas passam a ser articuladas a outros temas e preocupações, como a segurança alimentar, a qualidade dos alimentos, a proteção do meio ambiente, a valorização dos diferentes tipos de territórios e a geração de oportunidades de emprego, de renda e lazer; (2) a redução de insumos externos; (3) a pluriatividade, ou seja, a diversificação das atividades rentáveis, sempre lembrando que quanto mais diversificada é uma unidade de produção, mais complexa é a sua gestão; (4) a novas formas de cooperação local e (5) a melhorias na transformação insumo-produto. Estas reflexões fazem parte das discussões realizadas durante o Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (Sober), que acontece entre os dias 22 e 25 de julho 2012, na cidade de Vitória, Espírito Santo.

Carolina Bilibio, é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras/UniKassel. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br




Pensando gestão rural - e as tecnologias educacionais no meio rural...

                Tecnologias educacionais podem ser definidas como o conjunto de técnicas e procedimentos que objetivam facilitar o processo de ensino, ou seja, a forma de transmitir o conhecimento, e aprendizagem, que se refere ao processo de adquirir conhecimentos e desenvolver habilidades, valores e atitudes, por meio da utilização de um conjunto de instrumentos, símbolos ou organizadores.
                As tecnologias educacionais podem estar centradas no meio, no processo ou nas inovações da educação. Quando as tecnologias educacionais estão centradas no meio, elas focalizam os equipamentos e técnicas que possam auxiliar o professor no ensino. Quando as tecnologias educacionais estão centradas no processo, elas buscam por meio de uma forma sistemática, a melhoria do planejamento, implementação e avaliação do processo total da aprendizagem. Já quando as tecnologias educacionais são entendidas como estratégias de inovação, elas possibilitam a geração de novos conceitos, teorias, ideias e técnicas. As tecnologias educacionais objetivam ainda, o desenvolvimento integral do homem para inserí-lo na transformação social da sua época.
                As tecnologias educacionais se transformaram ao longo do tempo. Uma das primeiras tecnologias educacionais utilizadas foi um tipo de remo de madeira (1650) no qual o alfabeto estava gravado e que ajudava os estudantes a ler e a copiar. Em 1890 a escrita era realizada em pedra de ardósia, cor negra, com bordas de madeira, que poderia ser utilizada em sala de aula ou em casa. Ainda no ano de 1890, surgiu o quadro de giz, considerado uma das grandes invenções da tecnologia educacional. Posteriormente, no ano de 1900, surgiu o lápis, e nesta época o papel já era produzido em massa, o que possibilitou a substituição das pedras de ardósia.
                Outras invenções podem ser citadas, como o projetor de filmes (1925); o rádio (1925);  o retroprojetor (1930); a caneta esferográfica (1940); o mimeógrafo (1945); o primeiro computador (1951); a máquina de fazer cópias (1959); a calculadora (1972); o computador (1980);  as primeiras iniciativas relacionadas à internet (1988). E 1990 foi criada a sigla WWW- World Wide Web (rede mundial). Em 1999 surgiu o quadro branco interativo, composto por computador, tela sensível ao toque e projetor, em 2004 surgiram os laptops e em 2005 foi criado o primeiro vídeo no YouTube (você televisiona), por fim em 2010 surgiu o Ipad, um dispositivo na forma de tablete.
                Mas será que todas estas tecnologias podem mesmo educar/ensinar/aprender melhor? Alguns estudos (John Page, 2011) indicam que as tecnologias educacionais promovem uma (1) ampliação de lugar e de tempo, por exemplo, um estudante possui normalmente 40 minutos do dia com o professor em sala de aula, que é dividido entre 25 colegas, se este estudante possui um laptop, internet e acesso ao material da aula, o estudante pode acessar o material em qualquer outro lugar e a qualquer momento e não mais somente por 40 minutos. Com as tecnologias educacionais é possível ainda (2) aprofundar o entendimento de conceitos, já que por meio de projetores, o professor pode demonstrar conceitos com mais facilidade do que somente palavras. As tecnologias educacionais melhoram a relação (3) ensinar&aprender, por exemplo, por meio da realização de projetos, os estudantes podem buscar aprender por eles mesmos, e o conhecimento necessário para desenvolver projetos está nos dias atuais em todo lugar e não somente no professor. As novas mídias são também, novas (4) oportunidades de expressão pessoal, por exemplo, antigamente os estudantes escreviam nos cadernos e normalmente a única pessoa que observava as observações feitas, era o professor, porém, na atualidade, os estudantes podem criar blogs, vídeos, criar um jornal da turma. As tecnologias educacionais possibilitam ainda o (5) trabalho em grupo com outros colegas que não estão próximos fisicamente, por meio de e-mail, mensagens instantâneas etc. As tecnologias educacionais possibilitam os estudantes se tornarem (6) globais, por oportunizar a busca de conhecimentos específicos ao redor do globo e sem custo algum, os estudantes podem assistir conferências, palestras, entender outras culturas.
                Para finalizar se desta que o Ministério da Educação - MEC, possui um programa denominado Programa Nacional de Tecnologia Educacional - PROINFO, iniciado em 1997 e relançado em 2007. Este programa objetiva, além de outros itens, a inserção de Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC dentro do processo de ensino-aprendizagem nas escolas de educação básica, rurais e urbanas. O Programa está presente em diversos municípios brasileiros, beneficiando inúmeros estudantes e professores.
                Aos produtores rurais, que antes possuíam limitações físicas relacionadas à logística - como transporte e estradas, para ter acesso ao ensino de qualidade e educação continuada, na atualidade podem se beneficiar, como qualquer outro cidadão, de todo aparato tecnológico disponível para desenvolver suas atividades com qualidade. Os agricultores podem ler jornais, realizar pesquisas, identificar oportunidades de negócio, verificar a previsão do tempo, estudar idiomas, enfim, uma infinidade de oportunidades, inclusive a realização de cursos de graduação e/ou pós-graduação a distância por meio das modernas e inovadoras tecnologias educacionais.















Coluna Jornal o Celeiro - 27.07.2012
                                          
Pensando gestão rural - com sustentabilidade!
O termo desenvolvimento sustentável contempla um conjunto de conceitos relacionados ao uso dos recursos que visam atender as necessidades humanas. A Organização das Nações Unidas definiu em 1987 que desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que "satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades". Ou seja, sustentabilidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico que utiliza os recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro. Já a gestão rural, pode ser definida como “a ciência e a arte que busca a utilização racional dos fatores de produção (internos e externos), do ponto de vista técnico, econômico e social, respeitando os valores culturais do produtor rural, sua família, e ainda, suas organizações e o meio ambiente”. A administração ou gestão rural deve responder: o que produzir, como, quanto, com quais recursos e para quem. Porém, é papel da administração rural sustentável: (1) contribuir para que o produtor rural forneça matérias primas e ou produtos com a qualidade necessária, com custos compatíveis, economicamente viável (o produtor precisa ter renda), socialmente justo e ecologicamente correto; (2) viabilizar, "porteira a dentro", a utilização dos recursos - físicos, humanos, financeiros e mercadológicos, de maneira racional, por meio do planejamento, organização, direção e controle; (3) possibilitar, "porteira a fora", a participação e a atuação do produtor rural de forma conjunta: em cooperativas para a defesa dos interesses comerciais; em sindicatos para a defesa dos interesses políticos; em associação para a defesa de interesses específicos. Para complementar, a administração rural sustentável deve possibilitar que o produtor, dentro ou fora da porteira, crie e agregue valor (quantificável ou não) aos seus produtos, por meio da prestação de seus serviços, já que é a natureza que produz, é a planta que produz o grão, é a vaca que produz o leite... E de que forma este serviço está sendo realizado? Cabe ressaltar que os desafios da gestão rural podem estar relacionados (1) a ter organizações capazes de renovação contínua, automática e espontânea; (2) a tornar a inovação função de todos, todos os dias; e (3) a criar uma organização altamente envolvente onde todos dão o melhor de si. Por fim, destaca-se ainda que as estratégias de desenvolvimento rural podem contemplar (1) o desenvolvimento da multifuncionalidade, ou seja, as atividades agrícolas passam a ser articuladas a outros temas e preocupações, como a segurança alimentar, a qualidade dos alimentos, a proteção do meio ambiente, a valorização dos diferentes tipos de territórios e a geração de oportunidades de emprego, de renda e lazer; (2) a redução de insumos externos; (3) a pluriatividade, ou seja, a diversificação das atividades rentáveis, sempre lembrando que quanto mais diversificada é uma unidade de produção, mais complexa é a sua gestão; (4) a novas formas de cooperação local e (5) a melhorias na transformação insumo-produto. Estas reflexões fazem parte das discussões realizadas durante o Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (Sober), que acontece entre os dias 22 e 25 de julho 2012, na cidade de Vitória, Espírito Santo.

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